A proibição pode acabar prematuramente com o sonho do comércio eletrônico da TikTok e atingir os vendedores que buscam novos canais
Em março, a decisão da Câmara dos Representantes dos EUA de potencialmente obrigar a ByteDance a vender o TikTok ou encarar uma proibição nos EUA gerou um burburinho, focado principalmente na segurança de dados e na liberdade de expressão. No entanto, este cenário sublinha um dilema maior: enquanto o TikTok avança no e-commerce, a dinâmica entre as grandes tecnologias e a geopolítica pressiona os pequenos vendedores.
Nos últimos tempos, vendedores, muitos vindos da China, viraram-se para o TikTok em busca de alternativas à Amazon, atraindo compradores americanos com uma gama de produtos através da TikTok Shop. Vendedores de Shenzhen expressaram ao TechCrunch sua frustração com as tensões geopolíticas crescentes e a incerteza quanto ao futuro do TikTok.
Lançada em setembro de 2023, a TikTok Shop embarcou com 200.000 comerciantes, mas detalhes sobre a quantidade atual de vendedores na plataforma permanecem nebulosos.
Uma pesquisa da Jungle Scout revelou que 20% dos vendedores da Amazon planejam expandir para a TikTok Shop este ano, indicando a atração crescente do TikTok como canal de vendas. Antes das tensões políticas escalar, a ByteDance tinha aspirações de decuplicar seu faturamento e-commerce nos EUA, mirando em US$ 17,5 bilhões este ano.
Além da TikTok Shop, plataformas como Temu também estão ganhando terreno, indicando uma mudança no comportamento de compra online e uma possível preocupação para a Amazon.
A TikTok tem buscado fortalecer seu segmento de comércio eletrônico, introduzindo uma curadoria rigorosa e estratégias para destacar produtos de marca, em contraste com Temu. Para impulsionar vendas, ofereceu subsídios aos comerciantes durante a Black Friday, incentivando descontos significativos.
O engajamento gerado pelo formato de vídeos curtos do TikTok tem atraído vendedores, com muitos reportando aumentos nas vendas. O comportamento do consumidor tem se inclinado para produtos endossados por influenciadores, com uma pesquisa indicando que 20% dos consumidores começam suas buscas de produtos no TikTok.
Além disso, um relatório financiado pelo TikTok por Oxford Economics enfatizou o impacto positivo da plataforma nas pequenas e médias empresas americanas, gerando US$ 14,7 bilhões em receitas.
No entanto, a gestão interna da TikTok Shop está enfrentando desafios, adaptando políticas e estratégias enquanto navega sob um escrutínio intenso. Esforços para priorizar lojas baseadas nos EUA têm levado ao surgimento de “agentes” que facilitam negócios entre vendedores estrangeiros e locais, criando uma complexa rede de operações.
Com o e-commerce representando cerca de 15% do varejo nos EUA, o potencial da TikTok Shop é notável, apesar de enfrentar desafios em substituir a Amazon devido à sua abordagem e ao comportamento do consumidor ocidental acostumado a plataformas de busca.
A incursão do TikTok no e-commerce sinaliza uma evolução nas práticas de compra, desafiando a separação tradicional entre entretenimento, socialização e compras online, e colocando em xeque o domínio da Amazon nesse segmento.
